quinta-feira, 19 de junho de 2008

Capítulo 29

Capítulo 29

Quando entraram na sala de repouso, a moça queria saber o que pretendiam fazer em primeiro lugar. Eles ainda estavam confusos sob o efeito das revelações inesperadas, mesmo assim quiseram conhecer o local de onde partia a comunicação e o transporte entre a Terra e Azzim.
Ela os levou rapidamente até o décimo oitavo andar onde o pé direito era de mais de dez metros. No centro de um salão todo revestido de um material áspero e brilhante, ficava um tubo de luzes que piscavam o tempo inteiro com aproximadamente uns cinco metros de diâmetro por um de altura. Diversos equipamentos de controle regulavam tudo instalados em painéis horizontais em forma de meia lua em ambos os lados.
Três mulheres vestidas com roupas prateadas se aproximaram e ao saber que a visita era uma sugestão de Vindara, se predispuseram em responder qualquer pergunta. De início, Urando e Lin Ping apenas caminharam observando os painéis em seguida começaram a indagar sobre as coordenadas e uma das controladoras explicou.
- Nosso planeta fica num quadrante simétrico ao da terra. – Ela olhou em volta buscando na mente uma maneira simplificada de explicar. – As partículas são desagrupadas num cilindro de luz, numa fração de segundos, voltam ao estado normal já no quadrante desejado. Para não haver um risco de perda de material durante a aceleração dos “etafenos”, um conjunto de agrupamento metabólico do organismo, precisamos definir com rigor o ponto de chegada.
- Se uma parte desses “etafenos” se perde o que ocorre? – Indagou Urando.
- A pessoa transportada pode ser danificada de maneira permanente, ou melhor, dizendo, perder funções cerebrais. – disse a mulher que explicava.
- O que se sente durante o transporte? – Indagou Lin Ping estremecendo.
- Um pouco de náusea e dor de barriga, mas dura apenas dois ou três segundos, isso acontece apenas na etapa de desagrupamento. – Ela sorriu. – Depois... nos outros cinco segundos, acontece o impulso definitivo e a sensação é de flutuar no vazio, muito excitante. Até cinco pessoas podem viajar simultaneamente sem se confundirem fisicamente.
- Elas vestem aquele uniforme de transporte. – Se intrometeu uma das outras controladoras apontando para uma mulher que entrou na sala vestindo um macacão feito de um material de transparência estranha, levemente fosforescente, luminoso como vidro, embora completamente maleável. – Essa mensageira vai partir agora, se quiserem podem assistir.
Eles se acomodaram num canto, a mulher vestida para viajar subiu para o centro do cilindro transportador e diante dos olhos deles se desintegrou num feixe de luz vermelho. Lin Ping olhou surpreso para Urando que parecia congelado apertando a mão de Morga.
Eles se deram por satisfeitos, agradeceram as informações das operadoras e foram visitar o berçário, local onde ficavam algumas crianças que seriam examinadas antes de seguirem para os orfanatos. Morga explicou no caminho que aquele local era completamente automatizado, as mães cuidavam parcialmente das crianças por seis meses, depois voltavam para Azzim com a missão concluída.
- As que nascem fora daqui, o processo se torna diferente, geralmente são deixadas imediatamente após o parto, o risco de morte para a mãe é muito grande, foi o caso de Raina, que para viver, abandonou a filha e o seu grande amor. – Disse Morga abraçando Lin Ping. – O caso de vocês é comentado no planeta inteiro.
- Não sabia da minha fama no seu mundo! – Disse o professor com amargura.
- Uma linda história de amor. – Morga suspirou. – Fizeram até um filme dimensional para ser visto nas universidades que estudam o sentimento, o sucesso superou as expectativas.
- Como Bernardo foi para lá? – Perguntou Urando olhando através do vidro, mais duzentas crianças adormecidas.
- Não sei! – Ela ficou pensativa. – Talvez tenha sido seduzido por uma fêmea reprodutora, talvez o modo de vida oferecido, sei lá, são tantas as possibilidades e cada um tem algo que deseja.
- Deve ter sido a possibilidade de encontrar sua mãe! – Disse Urando pensando em voz alta recordando a última conversa com o amigo.
- O que faria você abandonar a Terra? – Indagou Lin Ping.
- Morga! – ele falou sem pestanejar. – E você, querido professor?
- Raina, Jumi...
- Mulheres! – disse Morga com desdém.
- E você Morga, o que lhe faria ficar na Terra? – Indagou Lin Ping.
- Meu amor! – Ela sorriu entendendo a armadilha que eles lhe haviam preparado.
Naquela noite, a ansiedade estava atormentando a vida dos três. Durante o jantar foram comunicados que a solução do problema estava dependendo da aprovação da atual Ministra Maior e só pela manhã poderiam dar a conclusão daquele enredo. Mesmo nos braços afetuosos de Morga, Urando mantinha sua mente alerta, de alguma forma ainda não decidira se aceitaria um convite para visitar Azzim, sabia que havia o risco de ser uma armadilha.

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