domingo, 22 de junho de 2008

Capítulo 32

Capítulo 32

Logo que entrou na saleta, Bernardo abriu uma caixa ao lado da mesa e pressionou um botão. Sorrindo indicou com a mão que não poderiam ser vistos nem ouvidos pela segurança. Ele sentou numa das poltronas e Urando ficou de pé olhando em volta ainda muito desconfiado.
- Pode ficar tranqüilo! – Bernardo se espreguiçou. – Essa conversa é só nossa.
- Como posso ter certeza? – Urando sentou na outra poltrona ao lado do amigo.
- Eu garanto! – Bernardo falou encarando fixamente Urando que relaxou.
- Eu confio em você!
- Como foi que se meteu aqui dentro? – Bernardo perguntou se mostrando curioso.
-Uma história para mais tarde. – Urando encarou o amigo. – Me explique o motivo de seu retorno.
- Vou pular algumas partes desnecessárias! – Bernardo maneou a cabeça. – Me disseram que precisavam de mim para ter uma conversa com você e retirar um monte de suspeitas que estavam na sua mente. No inicio achei estranho, mas quando me disseram que perderia o amor de sua vida, resolvi que só conversando com você saberia se realmente deseja isso.
- O que lhe disseram pode até ser verdade, mas acredito que pediram também para me dizer alguma coisa mais, não foi?
- Não pediram nada, apenas que viesse e contasse como eu estava vivendo caso esse fosse seu interesse!
- Como está vivendo?
- Nem queira saber! – Bernardo estalou a língua. - Uma delicia!
- Deixe de ser bobo, me conte tudo! – Urando se interessou de verdade. – Por que não foi ao nosso encontro?
- Não deu! – Bernardo coçou a cabeça. – Me disseram que eu poderia conhecer minha mãe, pensei que ela estava por perto e nunca imaginei que era um outro planeta.
- Está certo! – Urando suspirou com impaciência. - Continue sua história.
- Quando me apresentaram a possibilidade de encontrar minha mãe, fiquei pensando só nisso. Foi muito chato. Ela não demonstrou qualquer afetividade e nem parou para conversar, Apenas sorriu e disse que estava com muito trabalho. Senti-me um idiota e já pensava em voltar para casa como disseram ser possível. Uma mulher me abraçou e disse que eu era muito bonito para ficar triste e pouco depois estávamos na cama. Nunca havia feito isso, ela me ensinou muito bem. No dia seguinte foi uma outra mulher a agora não paro de ser seduzido. Adoro isso!
- Você está sendo utilizado como um reprodutor! – Urando falou com ar de nojo.
- Adoro ser reprodutor! – Bernardo gargalhou.
- Cada um segue por onde acredita ser o melhor caminho! – Urando deu de ombros. – Agora me fale do planeta.
- O que você tem medo?
- Não gosto de como elas agem! – Urando falou lentamente buscando seus receios mais íntimos. – Algo me diz que nem tudo é como dizem.
- Precisa conferir! – Bernardo levantou-se. – Aquele planeta é parecido com o nosso, no entanto é mais frio e quase não tem homem. Calmo e sem a agonia daqui, não tem lugar cheio. Muita mulher bonita e elas gostam de viver umas com as outras.
- Já me disseram isso!
- Lá a vida é muito confortável e se pode escolher melhor o trabalho. Estou me preparando para estudar, acho que vou ser médico ou sei lá o que... não sei ainda. Eles possuem um programa de estudo que é muito bom, bem diferente do nosso. Eu aprendo com facilidade e não vamos precisar fazer novamente aquele tipo de coisa que você inventou na ultima prova.
- Nem me fale disso! – Urando se colocou de pé. – Vou pensar no que me disse sobre conferir, talvez seja o melhor caminho, o risco e não me deixarem voltar.
- Isso eu não sei! – Bernardo deu de ombros. Vamos voltar para o salão, a noite é de Jurdha.
Os dois saíram da saleta abraçados e logo se despediram no salão. Urando se encaminhou para a caixa de transporte, mas foi detido por Morga que parecia aflita. Os dois se entreolharam com carinho e ela estava com os olhos molhados por lagrimas. Ele passou o dedo suavemente no rosto da moça que o abraçou.
- Não quero que você desapareça de minha vida. – Ela choramingou.
- Isso também me angustia! – Ele suspirou.
- Não volto sozinha! – Ela passou o rosto no peito dele para enxugar as lagrimas.
- Tenha calma! – Ele pediu com carinho. – Não estamos morrendo!
- Eu morro sem você! – Ela lamentou.
- Vá trabalhar, depois conversamos!
- Não vou trabalhar mais, vou ficar com você!
- Então vamos subir até seu quarto, no meu, tem um velho que ronca muito!
Os dois sorriram e entraram na caixa de transporte. As idéias ainda estavam confusas para Urando, ele sabia que não poderia se deixar levar apenas para o lado da emoção, teria de ter cuidado, afinal de contas era sua vida inteira que estava em jogo. Os dois entraram no quarto de Morga cheios de de desejos e aos poucos foram se desnudando e fizeram amor como se aquele fosse o ultimo dia de suas vidas.
Urando cansado adormeceu com a cabeça latejando de tanta preocupação. Não gostava de saber da interferência daquelas mulheres na vida da Terra, e muito menos na sua, isso era algo que o indignava. Morga demorou em conciliar o sono, mesmo exausta e satisfeita ainda sentia muito medo de perder aquele rapaz. Ficou um bom tempo escutando a respiração calma dele e adormeceu sem notar.
O restante da noite foi como um momento que não existiu para ambos. Só quando Urando acordou pela manhã e viu a bela Morga adormecida e tranquila, completamente despida, acariciou suavemente sua barriga, teve a certeza que estaria bem em qualquer lugar do universo ao lado dela, mesmo que as duvidas ainda estivessem trancadas na sua cabeça. Teria de arriscar. Por um amor verdadeiro, aquela mulher amada, seria capaz de perder a própria vida.
- Mulheres... – ele murmurou e suspirou, deu um beijo nos lábios de Morga que acordou sorrindo.

FIM