quarta-feira, 4 de junho de 2008

Capítulo 12

Capítulo 12

Mais uma vez, naquela manhã ele e Morga fizeram a primeira refeição na lanchonete e depois subiram ao apartamento dela. Ficaram juntos e adormeceram sem culpa até o meio da tarde quando Urando voltou preguiçosamente para casa. Ao escurecer, ele entrou no bar e viu que seu amigo ainda não havia chegado, sentou numa mesa perto da porta e pediu uma cerveja, pela janela do bar observava sem interesse o movimento intenso da rua.
Ficou sozinho por mais de duas horas, seu amigo não apareceu. Finalmente notou que havia acontecido algo estranho, sabia que Bernardo não faltaria ao encontro que ele mesmo ansiava. Já que ele não trabalhava por turnos alternados, naquele horário já estaria liberado. Pegou seu agendador eletrônico e consultou a anotação do endereço, era numa rua próxima ao centro comercial onde ficava o grande e mais antigo Bar Lamento.
Algo o corroia por dentro, estava sentindo que poderia ter acontecido um acidente ou qualquer coisa grave ao amigo. Saiu do bar e foi para a estação de trem com a idéia de ir até o apartamento de Bernardo. Seus passos eram rápidos, e os poucos minutos a espera do trem lhe pareciam uma eternidade.
Ao saltar na estação, subiu as escadas correndo e começou a procurar a rua GR 445. Ao encontrar o prédio onde o amigo morava, respirou profundamente diante do comunicador da portaria, apertou o botão de chamada do 709, ultimo andar. Por varias vezes insistiu e não obteve retorno. O porteiro sonolento observava os monitores de vigilância interna onde duas mulheres se beijavam no elevador, ao ver Urando nervoso junto ao balcão deu um muxoxo.
Sem perder tempo, o homem lhe disse que não havia visto o morador do 709 desde o dia anterior e que a porta não havia sido aberta ele sabia quem entrava e quem saía. Puxando Urando pelo braço mostrou que no prédio havia um sinalizador indicativo de apartamento vazio.
- Quando um morador sai de casa, essa lâmpada vermelha fica acesa! – O porteiro apontou no painel o sinal aceso junto ao numero 709. – Desde ontem que ele não vem pra casa.
- Sabe onde foi?
- Não sei da vida dos outros! – Falou o porteiro com desdém. – Mas ele costuma toda noite ir ao Bar Lamento, já o encontrei por lá varias vezes.
- Onde fica esse Bar Lamento?
- Você é de outro planeta? – O porteiro sorriu malicioso. – Onde acha que eu vou...? Sou esperto e exigente, procuro o melhor no mais antigo e melhor da cidade, o da praça Central.
Urando agradeceu e saiu do prédio sem saber o que deveria fazer. Enquanto caminhava para a estação de trem, lembrou das palavras de Jumi sobre uma investigação, “Não esqueça que ao investigar uma coisa, nunca se impressione com a cena, pense nas diversas possibilidades”. Eram palavras sábias, talvez o amigo estivesse nos braços de uma bela mulher assim como ele próprio quase não conseguia se afastar de Morga. Esperaria por mais um dia para ver se o amigo entrava em contato, em caso contrário, voltaria até aquele prédio e perguntaria ao porteiro se Bernardo estava em casa.