quinta-feira, 12 de junho de 2008

Capítulo 21

Capítulo 21

Depois de uma noite péssima, ainda muito cedo, Urando foi acordado com seu aparelho transmissor vibrando no bolso. Seu corpo estava moído, dormira vestido atravessado na cama. Tentou mover o braço sem resultado, estava completamente adormecido, com esforço pegou o aparelho e atendeu, era Lin Ping.
- Algum problema? – Indagou o velho professor.
- Estava com o braço dormente, sem movimento, dormi com a cabeça sobre ele.
- Antes de sair para trabalhar, passe aqui na casa de Jumi.
- Vou tomar um banho e trocar de roupa.
- Estou preparando um suco, divido com você enquanto conversamos.
Dando um pulo da cama, rapidamente Urando foi se preparar e em poucos minutos estava pronto. Saiu de casa bem na hora que começava a chover. Ao chegar na portaria do prédio, observou um veículo branco estacionar e quatro mulheres saltaram olhando em volta, em seguida entraram no prédio de Jumi e Morga.
Precavido ele esperou alguns minutos antes de também entrar no prédio, não pretendia ser visto pelas mulheres que aparentavam ser do Bar Lamento. Ao chegar à frente do elevador, viu que ele estava parado no andar onde Morga morava. Sentiu um tremor no corpo, tudo em volta parecia atrelado ao que estava vivendo naquele instante, um nó que se apertava cada minuto na desconfiança. Começava a ter certeza do perigo a sua volta como se estivesse preso numa bolha sufocante. As soluções se encontravam em encruzilhadas, as idéias passavam justas num gargalo de garrafa imaginaria.
Quando entrou no apartamento de Jumi, pegou o copo de suco que Lin Ping lhe ofereceu. Pela janela viu que a chuva estava ficando mais forte. Depois de beber o suco e comer um pedaço de bolo, olhou para o professor aguardando o que ele teria para contar.
- Sei que tem pouco tempo, vou ser bastante objetivo, apenas me ouça. – Lin Ping pegou o copo vazio na mão do rapaz. – Minha visita ao Bar Lamento me deixou mais preocupado do que já estava. Eles possuem um sistema sofisticado de vigilância.
- Sei disso, o importante é se conseguiu deixar o dardo onde eu pedi...
- Tenha calma! – Lin Ping sorriu. – Não sabe obedecer a ordem do chefe? – O velho fez uma pausa e continuou. - Tudo foi feito, no entanto, precisamos saber como vamos passar pela vigilância. Nunca havia visto aparelhos daquele tipo, são modernos e não se parecem com aqueles que já enfrentei em missões de investigação no meu tempo.
- Existe algum meio de suprimir essa vigilância?
- Talvez...! – Lin Ping maneou a cabeça e deu de ombros. – Sem conhecer o equipamento, não poderemos determinar o processo de camuflagem para passar por eles.
- Se houvesse uma maneira de entrar no programa de segurança, eu poderia analisar...
- O sistema do Bar Lamento é fechado. – Lin Ping coçou a cabeça. - Nessa altura, acredito que aquelas câmeras não sejam nem cadastradas no sistema da polícia.
- Se soubéssemos como elas detectam a direção da imagem, poderíamos burlar...
- Isso mesmo! – Lin Ping pegou o seu comunicador e ligou para a filha. – Jumi deve estar no meio de algum treinamento, o aparelho está desligado!
- Ligue na hora do almoço! – Urando suspirou. – Vou ter de sair para trabalhar, nos encontramos mais tarde.
- Vou ficar aqui tentando refletir melhor sobre tudo isso. – Ping abriu a porta. – Venha direto pra cá.
- Ia esquecendo... - Urando se voltou. – Acho que tem gente do Bar Lamento na casa de Morga.
- Vou verificar!
Quando Urando saiu do prédio, a chuva estava fina, ele se apressou para chegar na estação de trem, precisava não chegar atrasado. Mentalmente continuava revendo os detalhes de vigilância do bar Lamento. O objetivo era resgatar Morga e tentar encontrar Bernardo.
Olhando a chuva pela janela, Lin Ping também continuava grudado na situação. Precisava ter muita cautela para não se deixar levar pela imprudência juvenil de Urando. Toda a sua experiência lhe alertava para algo que não compreendia, estava se envolvendo num assunto que acreditava sepultado.